domingo, 13 de setembro de 2009

A Alegoria social em ANIMALS (p3)





A Alegoria social em “Animals” do PINK FLOYD


Parte 3


Enquanto isso, as “Ovelhas” passam seu tempo esperando. Calmas
ou resignadas, revoltadas ou dominadas, as ovelhas esperam no campo,
no cotidiano, e esperam o quê? a prosperidade, a felicidade, dias e
salários melhores. Gritam ‘bons dias’ e ‘boas tardes’ umas às outras,
repetem hinos e slogans, e se confraternizam na miséria e na mesqui-
nharia comum.

Cheias de medo, as pobres ovelhas. "Melhor vocês ficarem atentas,
Deve haver cães por perto
". Assim, as Ovelhas procuram se proteger em
fantasias de crenças e dias melhores. Esperam cair dos céus o maná
da justiça e da igualdade. Confiam nos governos, que julgam eleger,
ou apóiam ditadores que surgem como iluminados (ou sombrios)
salvadores-da-Pátria.

What do you get for pretending the danger’s not real
Meek and obedient you follow the leader
Down well trodden corridors into the valley of steel.
What a surprise!
A look of terminal shock in your eyes
Now things are really what they seem.
No, this is no bad dreams.

(O que vocês ganham ao fingir que o perigo não é real?
Mansas e obedientes vocês seguem o líder
Aos percorridos corredores no vale de aço.
E que surpresa!
Uma visão de choque final em seus olhos.
Agora as coisas são realmente o que parecem.
Não, isto não é nenhum pesadelo.)

As Ovelhas se julgam protegidas pelo Líder, contudo não
percebem que são levadas ao matadouro. Tanto as tropas
quanto os prisioneiros. Assim se revelou aos italianos, aos
alemães, aos japoneses, ao fim da Segunda Guerra, quando
perceberam os morticínios dos campos de batalha, as cidades
em ruínas, os extermínios sistemáticos do Holocausto, os bom-
bardeios concentrados e a inclemência da bomba atômica.

O que sobrou para as ovelhas? A confiança cega, a resignação, o
seguir-os-maiorais, o garantir-minha-parte, a ambigüidade de
pensamento e ação, a duplicidade dos propósitos, o driblar-a-lei
pra garantir o bem-estar, o suborno pago aos Porcos e a submis-
são contínua aos Cães, o viver sempre por um fio.

As Ovelhas são as massas populares a procura de um líder, seja
político, seja religioso, seja teocrata, não importa, apenas alguém
que diga o que devem fazer – e elas obedecerão. Sempre
obedeceram. Por amor ao líder? Não, por apego à vida, por amor
à própria pele. Querem viver e querem que seus filhos vivam.
Então se acomodam.

Na letra de “Sheep” há toda uma paródia com o estilo dos Salmos,
aquele do Bom Pastor, “O Senhor é o bom pastor”, etc. onde
Waters espera mostrar sua desilusão com os líderes religiosos, que
prometem paraísos e promovem “guerras santas”. Não apenas os
religiosos, uma vez que os líderes totalitários promovem um “culto
à personalidade
” que prece mais um louvor religioso. Se o líder é o
meu Senhor, então eu devo me entregar de corpo e alma.

Devem seguir as regras e nada de idéias próprias. “Melhor vocês
ficarem em casa / E fazer o que foi dito. / Fiquem longe da estrada
se vocês querem viver mais.”


Tal um contraponto aos textos amargos de “Pigs”, “Dogs” e
Sheeps”, temos a canção “Pigs on the wing”, com a figura do
porco ao vento, quando Waters busca um contato com o Outro,
um convívio, um apoio e base de confiança, que ele não pode
encontrar junto aos Porcos, aos Cães e às Ovelhas. Escritas para
a sua mulher e num tom mais ameno, de diálogo mesmo, ressaltam
a importância do confiar-se na cumplicidade nascida da intimidade,
do tipo “se não posso confiar em você, em quem vou confiar?”.
É a possibilidade do amor.

Afinal, Waters não é um niilista, nem qualquer outro rótulo. É um
ser humano e busca apenas o seu lugar no mundo, a felicidade
ainda que tardia.

You know that I care what happens to you,
And I know that you care for me, too,
So I don’t feel alone,


(Você sabe que eu me preocupo com você,
E eu sei que você se preocupa comigo,
Então não me sinto tão sozinho )


Contudo, ele ainda vai ocupar-se do exorcismo de seus espectros
políticos em “The Wall” e “The Final Cut” que encerraram a fase
Roger Waters no PINK FLOYD.


Por Leonardo de Magalhaens

Nov/07

A Alegoria Social em ANIMALS (p1)(p2)



A Alegoria social em “Animals” do PINK FLOYD


Parte 1


Lançado em 1977, após o sucesso de “Dark Side of the Moon
e “Wish You Were Here” (1975), o álbum “Animals” da banda
inglesa PINK FLOYD atraiu o interesse como uma obra conceitual,
com um universo fechado e alegórico, que desafiava as interpretações,
ao analisar os grupos humanos sob um olhar, digamos, “zoomórfico”.

A idéia não era nova. Trata-s de uma leitura de Roger Waters da
conhecida alegoria de “Animal Farm” (1945) (no Brasil: “A
Revolução dos Bichos
”), do inglês Eric Blair, mais conhecido por
seu pseudônimo de George Orwell (autor também do angustiante
1984”, onde figura o vilão onipresente onisciente Big Brother,
o Grande Irmão).

Ou seja, temos aqui a posição de Waters em relação ao anarquista
Orwell. Não apenas jornalista e escritor, mas também um homem
do front, Orwell conhecia bem os horrores dos regimes ditatoriais
que prometiam a felicidade e a prosperidade. Renegou o comunismo
ao estilo “bolchevique” e preocupou-se em mostrar ao mundo os
horrores do totalitarismo.

Não trataremos da alegoria “Animal Farm”, somente mencionaremos
alguns pontos importantes desta obra, com forte influência de La
Fontaine (mas sem o caráter moralista), onde os animais resolvem
fazer uma “revolução” e expulsar os homens de uma fazenda.

Os próprios animais resolvem “gerenciar” a fazenda, cuidando de
todas as atividades. Lá estão os vários tipos de animais, os trabalhadores,
os resignados, os hipócritas, os vaidosos, os oportunistas, os individua-
listas, os desconfiados, os crédulos – todos sob uma divisa: “O Homem
é o nosso verdadeiro e único inimigo
”. Mas se esquecem dos porcos.

Em “Animal Farm” temos a alegoria que apresenta o fracasso da
União Soviética. Aqueles que fizeram a Revolução são logo
escravizados pelos que a administram – no caso, os porcos, os
‘burocratas’. Que começam dizendo que “todos os animais são
iguais
”, mas depois – depois de lutas entre os próprios porcos –
dizem que “alguns animais são mais iguais do que outros” e ao final
os porcos acabam ocupando a mesma posição dominadora dos
homens (no caso da URSS, os burocratas dão origem a um
“capitalismo de Estado”, mais severo que o “capitalismo liberal”.)

O que Waters aproveita da alegoria de Orwell? O sistema
representativo – animal-caráter. No livro, os cavalos são trabalhadores,
os gatos oportunistas, os cães uns mercenários, as galinhas as
amedrontadas, o burro o resignado, as ovelhas as obedientes, o corvo
o religioso, e os porcos os egoístas. Pois Orwell quer apresentar a
diversidade humana num regime político e como os governantes
‘jogam’ para dominar e manipular cada parte, no sentido de se
legitimar no poder.

A vida social é isso – um jogo do poder. Quem sabe jogar terá
maiores oportunidades, e não hesitará em manobrar pessoas
apenas para subir na escala de cargos e alcançar status político.
Assim, o que Waters faz é comparar o mundo como um todo –
ultrapassando o esquema do “totalitarismo”, ou melhor, dizendo
que podemos estar vivendo num “totalitarismo mais sutil”. E
Waters sabe do que está falando.

Sendo tanto psicológico quanto sociológico, “Animals” acaba
desvendando muitas nuances da “psicologia social”, o ‘modo
operandis
’ da sociedade – quem manda e quem obedece. Como
as coisas funcionam ns esferas do Poder? É isso que Waters analisa
artisticamente aqui. A Inglaterra é um microcosmo para Orwell
(tanto em “Animal Farm”, quanto em “1984”, com o “socialismo
inglês”) e cenário de jogo para Waters. Um jogo onde os homens
adquirem feições animalescas, tornam-se figuras dignas de um
zoológico.

Waters classifica como porcos, “Pigs”, aqueles que se mostram
oportunistas, os que são corruptos, os que egoisticamente se agarram
ao poder, gorduchos de subornos e saciados de desmandos. Nesse
enredo, os ‘porcos’podem ser os políticos, os burocratas, os que se
vendem para continuar no poder. No poder e rindo do poder. Não
percebem que a ausência de “pensamento coletivo” causa a miséria
e o ciclo da corrupção. E se percebem atuam coniventes, hipócrita-
mente defendendo causas populares, mas aceitando propinas que
somente as câmeras conseguem flagrar.

What dou you hope to find.
When you’re down in the pig mine.
You’re nearly a laugh.
But you’re really a cry.

(O que você espera encontrar?
Quando você está afundado no chiqueiro.
Você está quase rindo,
Mas você realmente vai é chorar.)

O tema do “homem que se vende” já fizera sucesso com “Money
(do álbum “Dark Side”), “Money it’s a crime”, diz a canção, com uma
fina ironia inglesa. O dinheiro, todos sabem, guia o mundo. Poderia
ser diferente? As pessoas se esforçariam sem lucros? Trabalhariam
por causas coletivas? Até hoje não sabemos responder. O ser humano
é por demais complexo. Temos exemplos de egocentrismo, lado a lado
com exemplos de altruísmo.



Parte 2

Contudo, os “Porcos” não mandam sozinhos. Os porcos precisam
dominar os “inferiores”, sejam os mercenários, sem as massas
populares. Waters trata os primeiros como “cães”, “dogs” e os
segundos como “ovelhas”, “sheeps”. E, tal como no livro do Orwell,
são manipulados e seduzidos o tempo todo. Os Porcos podem até
descobrir que só tem a chorar, mas não podem deixar que os Cães
e as Ovelhas desconfiem. Os governantes sempre cuidam bem da
propaganda. Seja a Casa Branca, seja a Tatcher (especialmente
ironizada em “The Final Cut”), os Porcos estão no poder e lá
querem ficar.

Assim, os Cães são essenciais ao exercício do poder. São eles os
negociantes, os soldados, os capangas, os mercenários, os agentes
penitenciários, os assalariados com privilégios, os que servem e
são depois dispensados. Trabalham para um sistema de repressão,
onde são mero instrumento de domínio. Não se percebem de
mesma natureza que as Ovelhas, pois são cercados de privilégios
e ensinados a verem as Ovelhas como ‘seres inferiores’. É assim
que os Porcos usam os cães para apaziguarem as Ovelhas.

You have to be trusted by the people that you lie to
So that when they turn their backs on you
You’ll get the chance to put the knife in.

(Você mostra confiança às pessoas para as quais você mente
Assim que elas viram as costas pra você
Você terá a chance de apunhalar todas.)

Os Cães usam de malícia e se julgam protegidos, trabalham por
dinheiro, sem ilusões. Servem aos Porcos, e se mantém afastados
(e mantém afastadas!) as Ovelhas, os cidadãos comuns. Mas os
Cães se esquecem que também envelhecem, ficam fracos e fracassados.
E será “apenas outro triste homem velho / Tão sozinho e morrendo de câncer”,
depois de ter passado toda a sua vida servindo aos Porcos. Às vezes,
um sentimento de impotência, de angústia, “às vezes me parece como se
eu estivesse sendo usado
”, então os Cães dão de ombro ao dizerem que
todos são igualmente usados e culpados, “E você crê de coração que todos
são assassinos
”.

Apaziguando as Ovelhas, os Cães são a face visível do Poder, as
forças de segurança, os funcionários públicos, os diplomatas, os que
são obrigados a ‘sujarem as mãos’, enquanto os Porcos se especializam
em criar leis e darem ordens. No final, os Cães sofrem com o peso da
pedra que julgavam destinar às ovelhas, mas acabam “esmagados pela pedra”.


(continua)


por Leonardo de Magalhaens

nov/07

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Pink Floyd - ANIMALS - Sheep / Ovelha





PINK FLOYD


ANIMALS

Sheep
/ Ovelha


Inofensivamente passando seu tempo no campo
verdejante;
Apenas vagamente ciente de um certo inquietar no ar.
Melhor você ficar atento,
Deve haver cães por perto
Eu tenho olhado par além do Jordão, e tenho visto
Que as coisas não são o que parecem

O que você ganha ao fingir que o perigo não é real ?
Manso e obediente você segue o líder
Aos batidos corredores no vale de aço.
E que surpresa!
Uma visão de choque final em seus olhos.
Agora as coisas são realmente o que parecem.
Não, isto não é nenhum pesadelo.

O Senhor é o meu pastor, eu não devo desejar
Ele me faz repousar
Nos pastos verdejantes
Ele me conduz às águas silenciosas.
Com lâminas brilhantes Ele liberta a minha
alma.
Ele me faz pendurar em ganchos em lugares
elevados.
Ele me converte em costeletas de cordeiro,
Pois oh!, Ele tem grande poder, e grande fome.
Quando vier o dia, nós, os humildes,
Através de quieta reflexão, e grande dedicação

Mestre, a arte do karatê,
Oh!, nós nos levantamos,
E então traremos água aos olhos do miserável.

Balindo e balbuciando
Eu derrubo sua cabeça com um grito.
Onda após onda de vingadores dementes
Marcham alegremente fora da obscuridade
no sonho.
Tem você ouvido as notícias?
Os cães estão mortos!
Melhor você ficar em casa
E fazer o que foi dito.
Fique longe da estrada se você quer
ficar velho.

domingo, 6 de setembro de 2009

Pink Floyd - ANIMALS - Pigs / Porcos





PINK FLOYD


ANIMALS


PIGS (Three Diferent Ones)

Porcos (três diferentes)



Grande homem, homem-porco, ha ha que piada você é.
Você rolou a grande roda, ha ha que piada você é.
E quando sua mão está em sue coração,
Você está próximo de uma boa risada,
Quase um curinga,
Com sua cabeça afundada na pocilga.
Dizendo "continue cavando"
Mancha de porco em seu queijo gordo
O que você espera encontrar?
Quando você está afundado no chiqueiro.
Você está quase rindo (2x),
Mas você realmente vai é chorar.

Parada de ônibus pacote de ratos, ha ha que piada você é.
Você velha bruxa fudida, ha ha que piada você é.
Você radiante hastes frias d vidros quebrados.
Você está quase dando uma boa risada,
quase um arreganhar de dentes.
Você gosta de sentir o aço,
Você é um quente estofo com um chapéu,
E a divertir-se com uma arma.

Você está quase rindo (2x)
Mas você vai é chorar.

Ei você, Casa Branca,
Ha ha que piada você é!
Você, casa orgulhosa rato urbano,
Ha ha que piada você é!
Você está tentando manter nossos sentimentos fora das ruas.
Você está quase num trato de verdade,
Com lábios tensos e pés frios
E você se sente abusado(a)?

...! ...! ...!

Você vai avançar contra a maré do mal,
E manterá tudo ao seu lado.
Mary, você está quase num acordo (2x)
Mas está realmente a chorar.



Trad. by Leo Magalhaens